15/02/2014

Contestação das declarações do SECP sobre o EPE ao Lusojornal (SPCL, 14 de Fevereiro de 2014)



SINDICATO DOS PROFESSORES NAS COMUNIDADES LUSÍADAS 

ENSINO PORTUGUÊS NO ESTRANGEIRO - UM ENSINO DE APARÊNCIAS

Contestação das Declarações do SECP ao Luso Jornal

O Sindicato dos Professores nas Comunidades Lusíadas deseja, pela presente via, contestar as declarações feitas sobre o Ensino Português no Estrangeiro ao Luso Jornal de 12 de fevereiro pelo Ex.mo Senhor Secretário de Estado das Comunidades.
Como se pode constatar, conforme afirmado pelo SECP, o EPE, incluindo os seus alunos e professores, será em breve alvo de intensa atividade cultural, com inúmeros eventos e centenas de ações de formação para professores.
Começamos por informar que, quase em março, não foi comunicada, em nenhum país, a existência de tais ações, não existindo qualquer calendarização sobre o assunto.
Constatamos estarem planeados festejos e eventos vários, entre os quais os 50 anos da Comunidade Portuguesa na Alemanha, o 25 de Abril, o Mundo da Poesia, a Primavera dos Poetas, os Dias Mundiais da Água e da Árvore, isto só para enumerar alguns itens da extensa lista apresentada pelo SECP.
Resta saber como, com um único dia de aula por semana, apenas com três reduzidas horas letivas, irá restar aos professores e alunos, caso comparticipem em todas estas celebrações, tempo para ensinar e aprender os conteúdos básicos da língua.
É necessário também não esquecer que, com a introdução dos novos manuais de Português Língua Estrangeira, impostos pelo Camões I. P., desapareceram todos os temas como o 25 de abril, o Dia da Água ou da Árvore, Dia da Criança, etc, tudo temas que eram contemplados nos manuais usados anteriormente, por fazerem parte do programa de Língua e Cultura Portuguesas, mas que, obviamente, não constam nos livros destinados ao ensino do Português como língua estrangeira, que têm agora caráter obrigatório.
Portanto, foram retirados aos professores os materiais indispensáveis para realizar esse tipo de atividades, mas agora parece ser esperado que, na falta dos mesmos, as realizem com redobrada dedicação.
Porém, a realidade é que o EPE, que em apenas três anos foi reduzido a cerca de metade da sua dimensão anterior, de 552 professores para atuais 324, a nível mundial, tendo também havido significativa redução do número de alunos nos países em que foi aplicada a taxa de frequência, continua a evidenciar condições de ensino, aprendizagem e funcionamento geral que muito deixam a desejar, reflexo de práticas economicistas indiscriminadamente aplicadas.
A maioria dos professores leciona cada dia por semana numa escola diferente, havendo muitos docentes obrigados a percorrer semanalmente distâncias de mais de 400 quilómetros, para dar aulas a todos os alunos a seu cargo, reunidos em incompreensíveis amontoados de 20 e mais participantes, de 3, 4 ou até 5 níveis escolares diferentes, com apenas 3 horas letivas semanais, tempo exíguo, mas que o Camões I. P. e o SECP consideram amplamente suficiente.
A reposição do custo de transportes, que os professores adiantam do seu bolso, é muitas vezes feita com largos atrasos, o mesmo acontecendo ao custo das fotocópias, que, no caso da Suíça, foi de tal modo reduzido, que já não basta sequer para cobrir as despesas de dois meses.
Será que é esperado que sejam os professores e pais a arcar com esses custos, depois da aplicação da taxa de frequência que rendeu 2 milhões de euros ao Camões I. P.?
Muita poesia, muitas festividades, muitas atividades, também muita formação da qual ninguém tem conhecimento.
Muitos eventos, no plano cultural. Infelizmente, no respeitante à qualidade de ensino, não se deteta nenhuma inovação positiva.
Pelo contrário, muitos alunos sem aulas, muitos professores com horários incompletos, extrema sobrecarga dos mesmos com turmas cada vez mais mistas, excesso de trabalho burocrático, com repetidos relatórios, listas de alunos, etc., manuais escolares inadequados ao ensino e aos alunos, todo um elenco da problemas básicos que não podem ser sanados com concursos e jogos florais.
Continua-se, no EPE, com um ensino cujos responsáveis tentam manter as aparências, mas ao qual, na realidade, faltam as condições para ter um mínimo de qualidade.
  
Nuremberga, Alemanha
14 de fevereiro de 2014

Maria Teresa Nóbrega Duarte Soares
Secretária-Geral
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http://www.lusojornal.com/unefr.pdf 

Declarações do SECP, José Cesário, no LUSOJORNAL 
nº 160, de 12 de Fevereiro de 2014

Pág. 6: "Plano de ação sobre o Ensino Português no Estrangeiro anunciado nas redes sociais"

14/02/2014

Futuro das Línguas Maternas em Discussão em Berna (18 de Janeiro de 2014)

Futuro das Línguas Maternas em discussão em Berna


O futuro do ensino de língua materna às crianças com origem migrante esteve em debate, no passado dia 18 de Janeiro, em Berna.

O assunto, desencadeado pelo grupo IGE (Interessengemeinschaft Erstsprachen), suscitou vivo interesse, a avaliar pelos mais de 200 participantes, distribuídos por profissionais do ensino de diversas nacionalidades, colaboradores pedagógicos e administrativos, profissionais do Serviço Social, tradutores, elementos das áreas da ciência e da política.

Nos 10 workshops estiveram em foco temas como a organização, o financiamento, a didáctica dos cursos de Língua e Cultura Materna (LCM), as condições de trabalho e necessidades de formação dos docentes, a qualidade de ensino, o plurilinguismo, entre outros.

O atelier 6 (“Integração dos cursos de LCM na escola pública: o que os cantões podem fazer”) foi o que suscitou maior procura, mas todos despertaram bastante interesse nos participantes. No workshop 9, três docentes de LCM, entre os quais a professora de Português Mª da Luz Santos Silva, deram a conhecer os materiais didácticos utilizados nos respectivos cursos.

Consenso geral, no decorrer do painel de discussão final, que contou com a participação de especialistas de diferentes quadrantes (nomeadamente Elisabeth Baume-Schneider, directora de Educação do cantão do Jura, Selin Öndul, directora de projecto e professora de turco, Katharina Prelicz-Huber, presidente do sindicato VPOD e Vania Alleva, co-presidente do sindicato UNIA), foi o de que os imigrantes e suas línguas de origem aumentam a riqueza cultural e económica da Suíça. Estes cursos dão um importante contributo para a igualdade de oportunidades e para o sucesso educativo de muitas crianças.

Com o nível de participação e interesse neste encontro (não foi possível aceitar a inscrição de cerca de 60 pessoas, por questões de logística), espera-se que o IGE tenha conseguido sensibilizar a comunidade política para a necessidade de implementar consciências e práticas de respeito, valorização e desenvolvimento do ensino das línguas maternas, com vista à integração destes cursos no sistema de ensino da Suíça.


Lúcia Sousa
(Prof. de LCP no cantão de ZH)

23 de Janeiro de 2014


Fig. 1 - O flyer com o programa do evento, informações sobre os oradores, temas dos 10 workshops à escolha e condições de inscrição no encontro.

Fig. 2 - Esta jornada de reflexão sobre o ensino das línguas maternas na Suíça despertou enorme interesse, como se comprova pelos mais de 200 participantes, das mais diversas áreas, de toda a Suíça.

 Fig. 3 - Dr. Johannes Gruber (sindicato vpod / IGE!)

Fig. 4 - A moderadora do debate e as cinco participantes no painel de discussão final, que encerrou esta jornada.