SINDICATO DOS PROFESSORES NAS COMUNIDADES LUSÍADAS
ENSINO PORTUGUÊS NO ESTRANGEIRO - UM ENSINO DE APARÊNCIAS
Contestação das
Declarações do SECP ao Luso Jornal
O Sindicato dos Professores nas
Comunidades Lusíadas deseja, pela presente via, contestar as declarações feitas
sobre o Ensino Português no Estrangeiro ao Luso Jornal de 12 de fevereiro pelo
Ex.mo Senhor Secretário de Estado das Comunidades.
Como se pode constatar, conforme
afirmado pelo SECP, o EPE, incluindo os seus alunos e professores, será em
breve alvo de intensa atividade cultural, com inúmeros eventos e centenas de
ações de formação para professores.
Começamos por informar que, quase
em março, não foi comunicada, em nenhum país, a existência de tais ações, não
existindo qualquer calendarização sobre o assunto.
Constatamos estarem planeados
festejos e eventos vários, entre os quais os 50 anos da Comunidade Portuguesa
na Alemanha, o 25 de Abril, o Mundo da Poesia, a Primavera dos Poetas, os Dias
Mundiais da Água e da Árvore, isto só para enumerar alguns itens da extensa
lista apresentada pelo SECP.
Resta saber como, com um único
dia de aula por semana, apenas com três reduzidas horas letivas, irá restar aos
professores e alunos, caso comparticipem em todas estas celebrações, tempo para
ensinar e aprender os conteúdos básicos da língua.
É necessário também não esquecer
que, com a introdução dos novos manuais de Português Língua Estrangeira, impostos
pelo Camões I. P., desapareceram todos os temas como o 25 de abril, o Dia da
Água ou da Árvore, Dia da Criança, etc, tudo temas que eram contemplados nos
manuais usados anteriormente, por fazerem parte do programa de Língua e Cultura
Portuguesas, mas que, obviamente, não constam nos livros destinados ao ensino
do Português como língua estrangeira, que têm agora caráter obrigatório.
Portanto, foram retirados aos
professores os materiais indispensáveis para realizar esse tipo de atividades,
mas agora parece ser esperado que, na falta dos mesmos, as realizem com
redobrada dedicação.
Porém, a realidade é que o EPE,
que em apenas três anos foi reduzido a cerca de metade da sua dimensão
anterior, de 552 professores para atuais 324, a nível mundial, tendo também
havido significativa redução do número de alunos nos países em que foi aplicada
a taxa de frequência, continua a evidenciar condições de ensino, aprendizagem e
funcionamento geral que muito deixam a desejar, reflexo de práticas
economicistas indiscriminadamente aplicadas.
A maioria dos professores leciona
cada dia por semana numa escola diferente, havendo muitos docentes obrigados a
percorrer semanalmente distâncias de mais de 400 quilómetros, para dar aulas a
todos os alunos a seu cargo, reunidos em incompreensíveis amontoados de 20 e mais
participantes, de 3, 4 ou até 5 níveis escolares diferentes, com apenas 3 horas
letivas semanais, tempo exíguo, mas que o Camões I. P. e o SECP consideram
amplamente suficiente.
A reposição do custo de
transportes, que os professores adiantam do seu bolso, é muitas vezes feita com
largos atrasos, o mesmo acontecendo ao custo das fotocópias, que, no caso da Suíça,
foi de tal modo reduzido, que já não basta sequer para cobrir as despesas de
dois meses.
Será que é esperado que sejam os
professores e pais a arcar com esses custos, depois da aplicação da taxa de
frequência que rendeu 2 milhões de euros ao Camões I. P.?
Muita poesia, muitas
festividades, muitas atividades, também muita formação da qual ninguém tem
conhecimento.
Muitos eventos, no plano
cultural. Infelizmente, no respeitante à qualidade de ensino, não se deteta
nenhuma inovação positiva.
Pelo contrário, muitos alunos sem
aulas, muitos professores com horários incompletos, extrema sobrecarga dos
mesmos com turmas cada vez mais mistas, excesso de trabalho burocrático, com
repetidos relatórios, listas de alunos, etc., manuais escolares inadequados ao
ensino e aos alunos, todo um elenco da problemas básicos que não podem ser
sanados com concursos e jogos florais.
Continua-se, no EPE, com um
ensino cujos responsáveis tentam manter as aparências, mas ao qual, na
realidade, faltam as condições para ter um mínimo de qualidade.
Nuremberga, Alemanha
14 de fevereiro de 2014
Maria Teresa Nóbrega Duarte
Soares
Secretária-Geral
_____________________________
http://www.lusojornal.com/unefr.pdf
Declarações do SECP, José Cesário, no LUSOJORNAL
nº 160, de 12 de Fevereiro de 2014
Pág. 6: "Plano de ação sobre o Ensino Português no Estrangeiro anunciado nas redes sociais"
_____________________________
http://www.lusojornal.com/unefr.pdf
Declarações do SECP, José Cesário, no LUSOJORNAL
nº 160, de 12 de Fevereiro de 2014
Pág. 6: "Plano de ação sobre o Ensino Português no Estrangeiro anunciado nas redes sociais"