TODOS PELA LÍNGUA PORTUGUESA
“Quem não se sente, não é filho de boa gente”! É o povo quem disso nos adverte. E, ao vermos o Senhor Secretário de Estado, Dr. José Cesário, impor o pagamento de uma propina para que os filhos dos emigrantes possam aprender e desenvolver a língua portuguesa, não podemos deixar de reagir e protestar. Tememos que muitos jovens portugueses, em idade escolar, vejam fechadas as portas de acesso à língua lusa.
Por ocasião do despedimento de meia
centena de professores do EPE, há pouco mais de um ano, o Sr. Secretário de Estado
alegou razões e vantagens. Quais? Com o dinheiro “poupado” à custa dos
professores dispensados, poder manter os outros; lançar bases para uma melhoria
da oferta da qualidade do trabalho; acabar de vez com os professores que não
sabem o que é o ensino; certificar os resultados obtidos pelos alunos e cuidar
da formação dos professores; distribuição dos manuais escolares.
Ora, até hoje, nada disto se
verificou. Antes pelo contrário: tudo piorou. As condições de trabalho
agravaram-se; os alunos passaram a ter menos horas de ensino; o número de
alunos por turma, em muitos casos, aumentou e, para além disso, foi imposta uma
maior concentração de alunos de vários anos a integrar o mesmo grupo. Verdadeira
caldeirada à Cesário! Para escândalo nosso, nada disto é discutido em reuniões
de professores, e qualquer relacionamento entre Coordenação e corpo docente não
é feito cara-a-cara, mas apenas de forma virtual e cingindo-se à mera
transmissão do que é emanado do Instituto Camões (IC). Pior ainda, o relacionamento
ou diálogo com as entidades educativas suíças é inexistente. O mesmo acontece
com Comissões e/ou representantes dos pais.
Sabemos e sentimos, por diálogo
mantido com pais e vários professores, que o ambiente de trabalho se tornou num
verdadeiro tormento, com evidentes e graves prejuízos, tanto para alunos como
para os docentes. E que dizer quanto aos danos causados à língua de Camões?
O Senhor Secretário de Estado, Dr.
José Cesário, luta pela “sua dama, a propina” e com ela promete resolver e
colmatar todas as deficiências do modelo anterior. Com a sua ”raiva” de anos,
aos professores do EPE, ignorou tudo o que se construiu e consolidou ao longo
das três últimas décadas. Sim, porque a certificação sempre existiu. A
avaliação tem sido feita, semestralmente, com base na escala usada na escola
suíça. As notas, hoje como ontem, são registadas na caderneta do aluno e
comunicadas aos Encarregados de Educação. Para além disso, no final do ano
lectivo, o professor de português faz o respectivo registo do resultado final,
nos livros de termos. Terminado o 3º Ciclo ou o Ensino Secundário, cada aluno,
com aproveitamento positivo, recebe um certificado assinado, tanto pelo
professor como pela Coordenadora, e autenticado com o selo branco da sua área consular.
Vigilantes, caros Encarregados de Educação,
antes que seja tarde de mais. Porque a dita propina gera injustiças, aumenta
desigualdades, não vai contribuir para melhorar nada. Provocará o afastamento
de muitos alunos das aulas de português, encerramento de cursos e mais
despedimentos de professores.
Mas, caros Encarregados de Educação,
se a propina vingar, outra pergunta se impõe: como e por quem vai ser gerido
este dinheiro? Olhem que não são tostões… Contas por alto e à pressa, podem
levar-nos a montantes próximos dos dois milhões de euros/ano. Actualmente, há
cerca de 41.000 alunos no EPE, na Europa. Se só 20.000 pagarem uma média de 100
euros cada um, a receita será de 2 milhões de euros anuais.
Vamos mobilizar-nos.
Vamos mobilizar toda a Comunidade. Vamos
inscrever o máximo possível de alunos. Vamos antecipar-nos às tentativas do Dr.
Cesário, que quer destruir o ensino da nossa língua e cultura.
É um direito.
É um dever defendermos esta herança deixada pelos nossos
pais e avós. É também a maior riqueza que podemos legar aos nossos filhos e,
com ela, engrandecer a nossa Pátria.
MOVIMENTO CÍVICO DE DEFESA DO EPE NA SUÍÇA
20 de
Fevereiro de 2013