28/05/2012

Defesa da LP no estrangeiro - Governo maltrata compatriotas (jornal Avante! de 24 Maio de 2012)

Defesa da língua portuguesa no estrangeiro

Governo maltrata os nossos compatriotas

A maioria PSD/CDS-PP, juntamente com o PS, chumbou o projecto de resolução do PCP sobre a defesa, valorização e investimento no ensino da língua portuguesa no estrangeiro. Igual destino teve um diploma do BE com idênticos objectivos, ainda que este tenha contado com o voto favorável do PS.

Em paralelo com a exigência de uma política para o ensino da língua e cultura, para o PCP, como sublinhou no debate o deputado comunista João Ramos, trata-se também de garantir «uma política de identidade», porquanto, assinalou, «só farão parte de um mesmo projecto nacional aqueles que partilharem a mesma matriz identitária». 

E por isso a recomendação do PCP deixada no debate ao Governo para que «cumpra a Constituição da República em matéria de ensino aos filhos dos emigrantes, o que inclui o direito ao ensino gratuito». 

Que o Governo já está apostado em «retirar o ensino do português no estrangeiro da prateleira» foi o argumento encontrado pelos partidos da maioria para justificar o seu chumbo às iniciativas do PCP e do BE, num debate onde esteve igualmente em apreciação uma petição sobre o mesmo tema subscrita por cerca de sete mil pessoas, algumas das quais presentes nas galerias do hemiciclo, vindas da Suíça. 

Aos peticionários e às comissões de pais dirigiu João Ramos as suas primeiras palavras, saudando-os, e garantindo-lhes que o PCP está solidário com as suas preocupações e com a sua mobilização contra a destruição do ensino do português no estrangeiro, como fizeram nas manifestações de Berna e Estugarda. 

João Ramos criticou com veemência a intensificação do ataque levado a cabo pelo Governo PSD/CDS ao ensino da língua portuguesa, «iniciado por governos anteriores, incluindo os do PS», ataque esse que com o redobrar da sua intensidade levou a que, «com uma só acção», 6000 crianças e jovens tenham ficado sem acesso ao ensino da nossa língua materna, assim se reduzindo drasticamente a qualidade do ensino ministrado devido à sobrecarga a que as turmas foram sujeitas pela entrada de alunos que entretanto perderam o professor. 

O parlamentar do PCP lembrou ainda que nos últimos quatro anos essa redução de professores atinge os 130, afectando a qualidade do ensino, a que acresce, por outro lado, a introdução do regime da propina de 120€ e que levou já a uma diminuição de 9000 interessados, só na inscrição gratuita. 

Redução no número de alunos que o Governo utiliza, depois, acusou, para justificar a não manutenção dos cursos, facto tanto mais grave e injusto quanto é certo que «estas comunidades mantêm uma grande ligação afectiva ao País e são também contribuintes líquidos para a economia nacional, não só pelas remessas mas pelo que representam no contributo para as exportações ou para o turismo». 

Artigo no Jornal "Avante! de 24 de Maio de 2012

http://www.avante.pt/pt/2008/assembleiadarepublica/120191/

Rede horária para 2012-2013 (comunicado do SPCL aos partidos políticos na AR e aos media) 23 Maio 2012

O EPE está na Assembleia, mas a rede horária está a ser feita à porta fechada
 

Aos partidos políticos na Assembleia
Aos órgãos de comunicação social 

Exmas. Senhoras
Exmos. Senhores

O  sistema de ensino português no estrangeiro tem sido alvo de debate na Assembleia, como aconteceu no passado dia 16 de maio, depois de ter sido entregue uma petição com mais de 6.000 assinaturas de portugueses na Suíça, preocupados com o futuro dos cursos de português para os seus filhos.

O projeto do Bloco de Esquerda foi aprovado pelo PS, mas recusado pelo PSD e CDS. O projeto do PCP não foi aprovado por nenhum dos partidos.

Além disso, o Grupo Parlamentar do PS  requereu já a presença do Secretário de Estado das Comunidades na Assembleia, com o objetivo de  inquirir sobre as perspetivas futuras do EPE.

Perspetivas futuras que são extremamente inquietantes, pois tanto a Secretaria de Estado das Comunidades como o CICL se têm fechado num mutismo completo, nada deixando transparecer sobre o futuro que está a ser preparado para os alunos e professores do EPE.
No preciso momento, encontram-se já as coordenações dos diferentes países a elaborar a rede horária para o próximo ano letivo, sem que se conheçam os critérios adotados, pois os pedidos de reunião urgente, de parte dos representantes sindicais, para definição e esclarecimento dos citados critérios, estão até hoje sem resposta.

É necessário lembrar que na rede horária publicada em junho de 2011 figuraram já menos 35 horários do que no ano anterior, tendo este número sido acrescido por professores não substituídos,um concurso e respetivas colocações anuladas, culminando com o despedimento de mais 49 docentes em dezembro. Milhares de alunos ficaram sem aulas, muitos não as voltaram a ter e muitos outros ficaram impedidos de as frequentar devido a incompatibilidades causadas por reduções de horários e  de cursos.

Um cenário tétrico, única e totalmente justificado, pela tutela, com razões orçamentais. Mas o cenário que se aproxima tem boas possibilidades de ser mais tétrico ainda, pois com 9.000 alunos que não foram inscritos pelos pais, devido a  estes não concordarem com a já conhecida propina, haverá fundamento para  retirar, no mínimo, 80 professores, isto se os horários continuarem a ser elaborados com os critérios anteriores, que exigiam o número de 15 alunos para formar um grupo com 3 ou 4 horas letivas semanais.

Caso seja este o princípio seguido, o resultado será absolutamente catastrófico, com números altíssimos de alunos sem aulas e de professores desempregados, como nunca foram vistos na história do EPE.

E tudo isto está a ser preparado sem que os sindicatos e as comissões de pais sejam consultados. Os sindicatos, devido ao perigo em que se encontram muitos lugares de trabalho, e as comissões de pais porque está a ser decidida uma parte importante do futuro dos seus filhos.

Em 2009 havia mais de 600 professores no EPE. Agora na Europa são apenas 400, e  a partir de setembro serão decerto menos ainda.

Uma das poucas informações emanadas da SECP é que será publicado um decreto para proceder ao pagamento da propina, assim como uma portaria para determinar os valores.
Diplomas legais que podem regulamentar, mas nunca poderão justificar ou acreditar medidas injustas e unilaterais, com objetivos na sua maioria indefinidos, mas com um resultado que já se afigura bastante claro: o fim, a breve prazo, do ensino português no estrangeiro.

Nuremberga, Alemanha
23 de maio de 2012

            Maria Teresa Nóbrega Duarte Soares
           Secretária-Geral do SPCL

27/05/2012

ARE - Contra propina no EPE (Conferência de Imprensa - notícia da LUSA)

Associação de emigrantes contra propina no Ensino do Português no Estrangeiro
Lisboa, Portugal: Agência LUSA (22/05/2012–15:10)
A Associação de Reencontro dos Emigrantes afirmou esta terça-feira, dia 22, ser contrária ao pagamento da propina de 120 euros no Ensino do Português no Estrangeiro (EPE) e apoia uma petição que pede o fim desta taxa, disse um responsável da organização.

“Trata-se de algo que consideramos anticonstitucional, porque na Constituição da República Portuguesa está previsto que o Ensino do Português (no Estrangeiro) deve ser gratuito, como o é em Portugal”, declarou à agência Lusa José Pereira, um dos diretores da Associação de Reencontro dos Emigrantes (ARE).

A propina de 120 euros aplica-se apenas aos alunos do ensino paralelo, deixando de fora os alunos dos cursos integrados nos sistemas de ensino dos países de acolhimento (isentos), os pais desempregados (20 euros por aluno), com dois filhos inscritos (80 euros por aluno) e com três ou mais filhos inscritos (75 euros por aluno), que beneficiam de reduções.

O Governo também anunciou que está a estudar outras isenções ou reduções, como no caso das famílias monoparentais.

“Na realidade, isso é uma discriminação real dos filhos dos emigrantes portugueses que estão nos vários países, em relação aos jovens que estão em Portugal”, referiu José Pereira.

Segundo a Associação, graças ao EPE, os emigrantes e os seus filhos conseguem viver e perceber melhor “os traços identitários distintivos da sociedade e da cultura portuguesas, lidando melhor com o mundo e com Portugal, identificando-se melhor com o seu país, com as suas cores, cheiros e sabores.”

Para a ARE, essas medidas tomadas pelo Governo estão “a contribuir ainda mais para a degradação e destruição do EPE.”

“Muitos cursos não terão o número mínimo de alunos para funcionarem, arrastando para o desemprego mais umas dezenas de professores”, indicou José Pereira, acrescentando que alunos e professores serão os maiores prejudicados pela imposição dessa propina de 120 euros.

Com as pré-inscrições nos cursos de Português pela internet já realizadas e as em papel ainda por introduzir, o Governo estima que o número final ultrapasse os 26 mil alunos, menos 9.000 do que os 35 mil alunos que compunham o universo a que se dirigia esta inscrição.

“ARE expressa o seu desacordo quanto à linha que está a ser seguida pelo Estado, de retirada de direitos constitucionais das comunidades (…) e dá todo o seu apoio à petição contra a propina de 120 euros (…)”, indicou a Associação.

Emigrantes em vários países europeus estão a promover a recolha de assinaturas para uma petição contra a propina, que pretendem entregar na Assembleia da República no final de maio.

A iniciativa da petição, que pretende juntar mais de 4.000 assinaturas, foi do Movimento para a Defesa do Ensino do Português na Alemanha e a recolha das assinaturas está a ser feita naquele país e em outros, como a Suíça, Holanda e Luxemburgo.

A ARE já está a ajudar na recolha das assinaturas.

“O Governo português deveria inspirar-se na importância que o Presidente Cavaco Silva deu, esta semana, ao ensino da Língua Portuguesa em Timor-Leste”, finalizou José Pereira.