27/01/2013

Comunicado de Imprensa do SPCL (27 de Janeiro de 2013)

    
SINDICATO  DOS  PROFESSORES  NAS COMUNIDADES  LUSÍADAS  (SPCL)

  COMUNICADO  DE  IMPRENSA

Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas pressiona professores para que convençam os pais dos alunos a pagar a “propina” 


No passado dia 22 do corrente teve lugar uma reunião no Ministério dos Negócios Estrangeiros, pedida pelos representantes do SPCL e da FNE para discussão e esclarecimento de várias questões relacionadas com o Ensino Português no Estrangeiro, sendo um dos pontos mais importantes a introdução de uma taxa de frequência, também denominada de “propina”, e as suas consequências negativas para a rede de cursos.

Dado que uma parte representativa de encarregados de educação optarão por não pagar a mesma, vendo-se obrigados a retirar os seus educandos dos cursos, reduzindo assim o número de alunos, haverá inevitáveis despedimentos de professores devido a encerramento de cursos.

Quanto a este ponto, o sr. SECP declarou que ”seria de todo o interesse dos professores levar os encarregados de educação a pagar a propina”, declaração da qual se deduz que os professores, para manter os seus postos de trabalho, deveriam apresentar aos pais dos alunos, como correta, uma medida que foi considerada pelos sindicatos e por partidos como o PS e o PCP, de caráter anticonstitucional, tendo sido, além disso, também criticada pelo Conselho das Comunidades.

Além disso, a referida taxa é também altamente discriminatória, pois será aplicada unicamente aos alunos do ensino paralelo, isto é, aqueles que têm aulas de Língua e Cultura Portuguesas da parte da tarde, fora do horário escolar normal.

Os alunos do chamado sistema integrado, que têm o Português integrado no horário escolar normal, embora não fazendo parte do currículo (o que sucede apenas em alguns casos pontuais), ficarão isentos da “propina” e, portanto, também isentos de redução do número de cursos, de horas letivas e de professores, que terá lugar no sistema paralelo.

Visto que todos os professores de ambos os sistemas são, sem qualquer exceção, remunerados pelo Estado Português, através do Instituto Camões, foi lícito perguntar qual a razão desta medida discriminatória.

O  sr. SECP fundamentou essa decisão com o facto de, no sistema integrado, existirem alunos de outras nacionalidades além da portuguesa, não podendo, por isso, o Estado Português cobrar uma propina a alunos estrangeiros. Porém, aqui ignorou o Dr. José Cesário que nos cursos do ensino paralelo acontece exatamente o mesmo, pois são frequentados por alunos de países lusófonos e de outras nacionalidades europeias.

É, no mínimo, estranho que os responsáveis pelo Ensino Português no Estrangeiro estejam decididos a exigir remuneração de parte dos pais dos alunos portugueses, que todos os anos enviam largas quantias para o seu país de origem, oferecendo gratuitamente aulas de Língua Portuguesa a alunos estrangeiros, cujos encarregados de educação em nada contribuem para a economia portuguesa.

Apesar de, tanto o sr. SECP como o Instituto Camões, apregoarem que a introdução de uma taxa melhorará a qualidade do ensino português no estrangeiro, é impossível ignorar que a instituição da mesma significará uma redução de cerca de 100 professores e mais de 10.000 alunos sem aulas.

27.01.2013 - Nuremberga, Alemanha

Maria Teresa Nóbrega Duarte Soares
 
Secretária-Geral