Portugueses
residentes no estrangeiro organizam-se contra propina
23.04.2012 - 16:56 Por Ana Cristina Pereira, com
Lusa
Na
Suíça, cerca de 3.000 alunos ficaram sem aulas. As comunidades temem que se
passe o mesmo noutros países. A contestação já está organizada, pelo
menos, em França, na Alemanha e na Suíça. Portugueses residentes no estrangeiro
classificam de “inconstitucional” a introdução de uma propina de 120 euros
anuais no ensino paralelo de língua e cultura portuguesa. O ensino de português
na Suíça chega ao parlamento no próximo dia 4 [Maio 2012].
A acusação figura num comunicado
emitido hoje mesmo pelo Movimento para a Defesa do Ensino de Português na
Alemanha. “A propina de 120 euros, se for efectivada, distorcerá de forma
altamente negativa o quadro do ensino de Português no estrangeiro. Uns pais
irão tirar os seus filhos desse ensino e outros irão pagar a propina sem a
garantia de que os seus filhos continuem a usufruir desse ensino por falta de
inscrições.”
“O ensino de Português enquanto língua materna, de herança, está a ser
eliminado; o Governo tem uma política para a mudança linguística na segunda
geração [de portugueses residentes no estrangeiro]”, diz Amadeu Batel,
presidente da Comissão de Língua, Educação e Cultura do Conselho das
Comunidades Portuguesas, que não distingue o actual do anterior Governo. Batel
lembra-se de António Braga, ex-secretário de Estado das Comunidades, defender
que se adoptasse a língua do país de residência na comunicação com os filhos.
Ainda no dia 17/03 houve uma manifestação em Berna, na Suíça. Até há
pouco, cerca de 22 mil crianças frequentavam cursos de língua e cultura
portuguesa nesse país de velha e nova emigração. Em Dezembro, com a retirada de
20 professores, cerca de três mil crianças ficaram sem aulas. Haverá ainda 1.200
nessa situação. Ao chegar à Assembleia da República, deverá servir de trampolim
para um debate global já que, refere Batel, o cenário se repete noutros países.
O secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, tem defendido que
os 120 euros cobrem o manual escolar e a certificação no final dos cursos.
Pedro Rupio, conselheiro das Comunidades Portuguesas eleito pela
Bélgica, também já veio a público repudiar esse discurso: «Só falta terem o
descaramento de anunciar que essa medida irá atrair mais juventude ou que irá
levar a um aumento de inscrições. Todos nós conhecemos as consequências desta
medida: num primeiro tempo, haverá uma redução maciça do número de inscrições.
Observar-se-á então uma diminuição do número de horários e, obviamente, do
número de professores, formando-se um ciclo vicioso sem fim, até ao momento em
que apenas reste uma turma simbólica para ser usada nos discursos oficiais como
“prova” de que o Estado “financia” o estudo da nossa língua aos filhos dos
emigrantes.»
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