SINDICATO DOS PROFESSORES NAS COMUNIDADES LUSÍADAS
Aos órgãos de comunicação social
Aos partidos representados na Assembleia
Redução intencional de alunos no EPE
Menos cursos e menos professores
Ao
contrário do que declara o sr. Secretário de Estado das Comunidades, Dr. José
Cesário, a forte diminuição do número de alunos nos cursos do ensino português
no estrangeiro é uma consequência direta da instituição da propina de 120
euros, pois a mesma foi instaurada com o objetivo óbvio de limitar as
inscrições, reduzindo assim o número de cursos e possibilitando em consequência
o despedimento de mais 80 ou 90 professores, em conformidade com a política de
restrição de despesas praticada em tudo o que respeita às aulas de língua e
cultura de origem para os luso-descendentes no estrangeiro.
Exceptuando
a Espanha, onde predomina o ensino integrado no horário escolar normal, todos
os países sofrerão reduções no número de cursos, com o resultado inevitável de
mais professores desempregados, a acrescentar aos 49 que tiveram esse destino
em dezembro passado, deixando mais de 5000 alunos sem aulas.
Não
é crível que os responsáveis pela instituição da propina, o CICL e a SECP,
desconhecessem que a obrigação de pagamento levaria um número representativo de
pais a não inscrever os filhos nos cursos de português.
As
razões que levaram os pais a essa decisão são de vários tipos, desde
dificuldades económicas e degradação da qualidade de ensino, com tempos letivos
cada vez mais reduzidos, à decisão de seguir o princípio de não pagar cursos
que, constitucionalmente, deveriam ser gratuitos.
Cada
professor perdeu, no mínimo, entre 15 e 20 alunos, devido aos pais não
aceitarem o pagamento de propinas.
Além
disso, na Alemanha não foi feita a usual comunicação aos diretores das escolas
locais para efeitos de novas inscrições nos cursos de português, tendo a
coordenação justificado esse procedimento com o facto de não ser possível abrir
novos cursos. Porém, tal significou um número menor de matrículas para os
cursos já existentes.
Em
França, o número reduzido de inscrições deve-se em parte ao facto de muitas
delas serem feitas através das escolas locais, em data posterior àquela em que
terminaram as atuais pré-inscrições, tendo por isso esses alunos sido excluídos
da contagem.
Todas
estas circunstâncias se conjugam com o objetivo de fazer desaparecer, a breve
prazo, o sistema de EPE, um sistema que não dá rendimento, conforme muitas vezes
alegou a sra. Presidente do CICL.
O
quadro real da situação não é aquele que o sr. SECP apresenta agora como
correto, alegando que o número de inscrições não correspondia, nos anos
anteriores, aos alunos ”frequentantes”.
O
que realmente se passa é que o número de alunos, no próximo ano, e muito
possivelmente no futuro, corresponderá apenas ao número de alunos “pagantes”.
Maria Teresa Nóbrega Duarte Soares
Secretária-Geral do SPCL
Sem comentários:
Enviar um comentário