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Sábado, 19 de Maio de 2012
Futuro do Ensino do Português no Estrangeiro
A
Constituição da República reconhece o direito aos filhos de todos os cidadãos
nacionais (mesmo que emigrados) a aprenderem a Língua Portuguesa.
Para ouvir a intervenção do deputado Pedro Filipe Soares (BE) na reunião plenária na AR do passado dia 16 de Maio, que defende: "O ensino do Português no estrangeiro deve ser gratuito" CLIQUE NO LINK
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=NVZK3DXlKfE
Porém, por
incrível que pareça, os nossos (des)governantes (os de outrora como os de hoje)
colocaram a sua incompetência ao serviço da destruição da "máquina
produtiva nacional", esbanjando os dinheiro dos impostos em múltiplas
iniciativas, desde o rendimento mínimo até aos estádios de futebol, desde as
SCUT's até às parcerias público-privadas que arruinaram, pouco a pouco, o
dinheiro dos nossos impostos e conduziram o país para a beira do abismo.
Com as suas
políticas ruinosas, os distintos governos levaram muitos dos nossos cidadãos a
emigrar. Aliás, recentemente aconselharam mesmo a emigrar... É triste, mas é a
realidade a que os nossos eleitos nos conduziram... E os portugueses estiveram
impávida e serenamente calmos, assistindo a este triste espectáculo embora
muitos de nós tenham alertado atempadamente... Mas ninguém quis dar ouvidos...
Na verdade, a velha máxima "O rei vai nu!" não interessa. Sempre é
mais simpático dizer que "O rei vai vestido"! Ou seja, no
politicamente correcto, é mais aceitável a afirmação de que "o rei vai vestido"
ainda que seja "com a roupa que a mãe lhe deu antes de nascer, do que
dizer, nua e cruamente, "o rei vai nu!". Por isso, hoje temos
o que merecemos.
E na
diáspora, igualmente. Aqueles que sempre mal trataram os emigrantes, voltaram a
ser eleitos...! Temos o que merecemos.
Por isso, o
futuro da língua materna de milhares de jovens filhos de emigrantes está em
causa. De facto, numa época em que os portugueses vêem o futuro cada vez mais
negro (sendo mesmo aconselhados a emigrar até pelo primeiro-ministro!) a fuga
para o estrangeiro é a única forma de seguir em frente. Tristemente, a política
de apoio à emigração é em sentido contrário. E reduz-se o número de professores
de Língua e Cultura Portuguesa que servem as comunidades espalhadas pelo mundo.
Está na hora das comunidades fazerem algo. Será que, se os emigrantes se
organizassem e informassem o Governo de Portugal de que deixariam de enviar
verbas para Portugal, que procederiam ao levantamento dos seus depósitos
bancários no nosso país e o levariam para os países onde residem, o Governo
manteria a sua arrogância e maltrato com os nossos emigrantes? Será que a
política do "paga e não bufes" continuaria? Ou o Governo seria
obrigado a "fazer marcha-atrás" com a política de retirada de
apoio aos emigrantes, que começou há já muito tempo com a diminuição dos
consulados…?
Está na hora
de fazer algo. Ou o Governo continuará a retirar aos filhos dos nossos
emigrantes a possibilidade de manter um vínculo linguístico entre os
jovens luso-descendentes e a pátria lusa.
De facto, é
inaceitável a redução das condições de acesso à Língua Portuguesa por parte dos
filhos de milhares de cidadãos que, tendo sido maltratados por um bando de
governantes incompetentes que conduziram o país para a fronteira do abismo, se
viram forçados a emigrar em busca de uma vida com um mínimo de dignidade.
Abandonados à sua sorte por políticos esbanjadores, vêem hoje negado aos seus
filhos o que Portugal garante aos filhos dos imigrantes que se instalam em
Portugal, oriundos dos mais diversos países, e quantas vezes com outros
gastos e ajudas que também sobrecarregam as finanças públicas (como é o caso
dos rendimentos mínimos garantidos de que beneficiam imensas comunidades de
imigrantes em Portugal!), quantas vezes em troca de muito pouco ou até nada.
Ora, não
pode haver semelhante discriminação face aos filhos dos emigrantes, que não são
menos que os filhos dos imigrantes. E se os imigrantes nada pagam em Portugal
e beneficiam de um professor durante 25 horas semanais (ou até mais), não é justo nem admissível que
os filhos dos nossos emigrantes paguem para terem acesso a APENAS 2 horas
semanais da sua língua materna... Aliás, o dinheiro pago aos
professores para ensinarem Língua e Cultura Portuguesa de escola em escola (apenas
e tão só 2 horas semanais como se de mulheres a dias se tratasse!) não é um
gasto: é um investimento!
O alheamento
do país face a estes filhos de emigrantes sairá bem mais caro: nenhum terá
vontade de regressar se não conhece a língua. A médio prazo, este
desinvestimento do Estado português será meio caminho andado para que milhares
e milhares de jovens deixem de ter qualquer motivo para manter laços com uma
pátria.
Com este
tipo de prática, só podemos concluir que Portugal continua a ser (des)governado
por políticos imediatistas, que não têm visão prospectiva, visão de futuro.
Para além de ingratos para com os emigrantes (que enviam anualmente milhões de
euros) os políticos atacam agora os filhos daqueles que se viram forçados a
buscar formas de ganhar a vida longe do seu país.
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