19/03/2012

Ensino do Português em discussão na AR (Março 2012)

Ensino do Português em Discussão 
na Assembleia da República
Written on March 12, 2012              (jornal GAZETA LUSÓFONA, Março 2012)
                                                                                           www.gazetalusofona.ch 

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Por iniciativa de um grupo de cidadãos portugueses residentes na Suíça, foi enviada, há cerca de um ano, directamente para o Parlamento, em Lisboa, uma petição, visando assegurar aos filhos dos emigrantes o ensino da língua e o acesso à cultura portuguesa nos termos do art. 74 da Constituição da República Portuguesa.
Frente a uma incompreensível instabilidade e insegurança quanto ao futuro do ensino da língua portuguesa, a diligência efectuada pelos encarregados de educação e outros membros da comunidade teve o condão de alertar a Assembleia da República, órgão da soberania nacional, tão pouca vezes solicitado a intervir em matérias ligadas à vida dos emigrantes portugueses.
Desta vez, uma iniciativa tão importante como esta, em defesa do ensino da nossa língua materna, deu os seus resultados. No passado final do mês de Fevereiro, a comissão de negócios estrangeiros e comunidades portuguesas da Assembleia da República, convocou para uma audição, em Lisboa, uma delegação de subscritores desta petição.
Florbela Teixeira, Rui Manuel Teixeira e Carlos Cabaças, residentes em Lausanne e Carla Rocha, Genebra, foram recebidos no Parlamento pelo relator nomeado pela comissão, deputado Paulo Pisco (PS), acompanhado pelos deputados Carlos Gonçalves (PSD) e Pedro Soares do (BE), mais tarde encontraram-se com o deputado João Ramos (PCP). Na audição esteve também presente o conselheiro das comunidades portuguesas, eleito pela Suíça, Manuel Beja.
Na ocasião e ao serem questionados, os representantes dos subscritores da petição alertaram os deputados para a estranha e condenável decisão do governo ao proceder, a meio do ano lectivo, ao despedimento de 20 professores, ficando 3000 mil crianças sem aulas de Português. Actualmente, existem cerca de 1200 crianças sem aulas e centenas de outras com aulas em condições muito precárias. Tal deliberação é reveladora da demissão das responsabilidades do Governo em relação às garantias do acesso ao ensino da língua portuguesa aos filhos dos emigrantes.
Como se tudo isto não bastasse, a delegação denunciou as pressões da Coordenação de Ensino a funcionar junto da Embaixada de Portugal em Berna, apresentando como única solução para a continuidade das aulas de Português, o pagamento por parte dos pais aos professores. Tal situação, recusada por parte de algumas comissões de pais, acaba por estar a ser praticada junto dos encarregados de educação da região de Engadina, no cantão dos Grisões. Uma decisão totalmente inconsciente, ilegal, envolvendo o Governo português na prática de uma actividade económica paralela num país estrangeiro.
Depois de prestadas as necessárias declarações, os encarregados de educação e subscritores da petição em causa, apelaram ao cumprimento dos direitos que lhes são garantidos pela Constituição da República Portuguesa, saindo com a garantia de que o seu esforço não foi em vão. Depois de concluído o relatório pelo deputado Paulo Pisco, o mesmo será apresentado à comissão parlamentar, sendo depois discutido em plenário.
Esta deslocação a Lisboa serviu também para uma troca de opinião com os onze membros do Conselho Permanente do CCP, que na mesma altura se encontravam reunidos na Assembleia da República para discussão dos temas globais das comunidades e, muito particularmente, sobre o futuro do ensino da língua materna e o acesso à cultura portuguesa. Os conselheiros realçaram a importância das comunidades utilizarem todos os meios democráticos à sua disposição na defesa dos interesses dos emigrantes.
No dia 17 de Março, sábado, em Berna, na Weisenhausplaz, pelas 14 horas, o Movimento Cívico de Defesa do EPE na Suíça e o sindicato Unia, a todos apelam à participação numa manifestação a favor do ensino do Português, como direito consagrado na Constituição da República Portuguesa.

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