04/03/2012

Ensino da Língua Portuguesa (MCDES)

Ensino da Língua Portuguesa
“A minha Pátria é a Língua Portuguesa”, disse Fernando Pessoa. Pobre Pátria, que até o ensino da língua materna nos recusa, dizemos nós!

As medidas de contenção orçamental anunciadas pelo Governo e de imediato colocadas em prática pelo Instituto Camões, ao despedir cerca de 50 professores do EPE (= Ensino Português no Estrangeiro), 20 dos quais na Suíça, e de encerrar dezenas de cursos de língua portuguesa, impede o acesso de centenas de crianças ao ensino de língua e cultura materna.

A decisão foi imposta à comunidade a meio do ano lectivo, sem qualquer diálogo antecedente com os representantes dos professores e das comissões de pais, o que alterou fortemente as relações entre a comunidade e o nosso país, comprovando-se a tese de que, no momento actual, o Estado não é pessoa de bem.

Após o erro cometido, o despedimento das professoras por telefone e o atabalhoado encerramento de dezenas de cursos, e na ausência de alternativas credíveis, a Coordenação de Ensino, a funcionar junto da Embaixada de Portugal, em Berna, encosta as comissões de pais à parede, apontando a solução seguinte. “Se querem as professoras, têm de ser vocês a pagar-lhes”.

Ora, como todos sabemos, é obrigação do Governo garantir o direito ao ensino da língua e cultura portuguesa aos filhos dos emigrantes e Luso-descendentes, tal como consagrado na Constituição da República Portuguesa (artigo 74, ponto 2, alínea i).

Esquece-se o Instituto Camões, que as comissões de pais existentes são fruto do trabalho voluntário, não renumerado e muito exigente no apoio ao bom funcionamento dos cursos. Algumas delas, nem sequer estatutos ou sede social têm.

O desnorte do Instituto Camões e da sua Coordenação na Suíça são reflexos da ignorância das chefias que, em vez de desenvolver um projecto credível do EPE, no diálogo com as comunidades, tudo tem feito para prolongar a maré de destruição do ensino do Português. Pobre Língua Portuguesa, pobre Camões, nas mãos de tanta incompetência!

No sentido de fazer frente às dificuldades, foi lançado recentemente e por várias comissões de pais, um Movimento Cívico de Defesa do Ensino da Língua Portuguesa/EPE, na Suíça. Este movimento recebeu a imediata adesão de centenas de organizações e cidadãos que se comprometem tudo fazer para que o ensino da língua materna continue junto das comunidades de emigrantes. Como primeira medida, foi entregue uma lista reivindicativa junto dos Consulados, da Embaixada e será solicitada uma audiência ao Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.

Na ausência de respostas concretas e rápidas por parte do Governo, outras medidas serão tomadas.

Movimento Cívico de Defesa do Ensino do EPE na Suíça

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