GOVERNO PORTUGUÊS INCENTIVA A ECONOMIA PARALELA NA SUÍÇA
O
recém-criado Movimento Cívico de Defesa do Ensino de Português no Estrangeiro
(EPE) na Suíça, acusou o Governo português de promover a economia paralela, ao
propor que as associações de pais assumam o pagamento aos professores
demitidos.
"Pode ser um caso vergonhoso. O próprio Estado incentiva
portugueses a promover a economia paralela na Suíça", disse Domingos Pereira ,
dirigente do Movimento.
O Movimento, criado na sequência do despedimento de 20 professores
de EPE na Suíça, que terá deixado cerca de 3.000 crianças sem aulas, enviou na
segunda-feira (16/01/2012) ao Consulado de Portugal em Zurique uma lista com
oito reivindicações, nomeadamente a readmissão imediata dos docentes.
Há ainda casos concretos de jovens que foram admitidos para
formação profissional em empresas, porque tinham língua materna portuguesa e
que agora não vão ter nota. "Se não têm um certificado de que concluíram o
curso, podem ser prejudicados", disse.
Outra questão, que considerou "muito polémica", foi o
facto de o encerramento de alguns cursos não ter sido comunicado às autoridades
suíças, que cedem as salas e por isso têm "despesas extra". "A
instituição suíça não foi informada pelo Instituto Camões [que gere a rede de
EPE] de que este semestre já não seriam necessárias as salas", disse Domingos Pereira ,
afirmando ter recebido manifestações de descontentamento por parte de
responsáveis locais.
Essa será, aliás, uma das questões em discussão na reunião que
está já agendada, para dia 26, com as autoridades locais no cantão de Zurique,
afirmou.
O movimento exige por isso ao Governo que assuma o financiamento
do ensino do EPE e propõe, na sua lista de reivindicações, que 1% dos lucros
das remessas dos emigrantes sejam reencaminhados para um fundo de financiamento
do Ensino de Português no Estrangeiro.
Na lista, que será entregue ao embaixador em Berna quando assumir
funções, o Movimento exige ainda uma solução para os 3.000 alunos que ficaram
sem aulas, a reintegração imediata dos 20 docentes e a manutenção da rede de
cursos de EPE definida para o ano letivo 2011/2012.
O Movimento tenciona enviar uma delegação a Lisboa para se reunir
com o Secretário de Estado das Comunidades e está ainda a preparar uma acção de
protesto em Berna, que poderá coincidir com o Dia Internacional da Língua Materna,
que se assinala a 21 de Fevereiro.
A contenção orçamental do governo português resultou numa redução
no número de professores do Ensino do Português no Estrangeiro (EPE). Segundo o
Sindicato dos Professores das Comunidades Lusíadas (SPCL), 149 docentes já
foram dispensados este ano e 15 mil alunos ficarão sem aulas na diáspora.
FPA / Lusa COMUNIDADES – 17 de Janeiro de 2012, 14:01
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