Suíça (17 de Março de 2012)
500 manifestantes em Berna contra despedimento de professores de Português
A
contestação do despedimento de 20 professores de Português na Suíça
originou este sábado na capital do país a maior manifestação da
comunidade portuguesa por questões relacionadas com a língua, disse um
elemento do Conselho Português das Comunidades (CCP).
Manuel
Beja, contactado por telefone, disse à agência Lusa que, após a
concentração, uma delegação de cinco pessoas foi recebida pelo
encarregado de negócios da Embaixada portuguesa em Berna, João de Deus, a
quem foram tentar sensibilizar para a necessidade de recuar na decisão
de despedir os professores.
A ação de rua, que
decorreu junto ao Parlamento Federal, em Berna, foi convocada pelo
Movimento de Defesa do Ensino do Português e pelo sindicato suíço UNIA.
"As
indemnizações pagas pelo despedimento e o subsídio de desemprego que
vão receber sai mais caro do que continuarem a pagar-lhes os
vencimentos", argumentou o representante do CCP.
A
decisão do Governo de Lisboa deixou sem ensino de Língua Portuguesa
cerca de 1.200 estudantes que frequentam o 10.º, 11.º e 12.º ano,
acrescentou o responsável.
Manuel Beja disse que o
protesto de hoje serviu para demonstrar que os emigrantes portugueses
na Suíça estão "muito empenhados" na defesa do ensino da sua língua
materna.
O despedimento dos docentes foi uma
"decisão ligeira e irresponsável" do Ministério dos Negócios
Estrangeiros e, "sobretudo", do Instituto Camões, responsável pelo
ensino e divulgação do Português no estrangeiro, acusou Manuel Beja.
A
decisão criou o "caos" que se está a viver entre os emigrantes
portugueses na Suíça, constituída por 220 mil pessoas, segundo
estatísticas oficiais do país, acrescentou.
Da
comunidade fazem parte 27.600 crianças e jovens com idades entre os sete
e os 15 anos, 15 mil das quais frequentam cursos de língua e cultura
portuguesa, disciplina que nalgumas regiões (cantões) faz parte dos
currículos oficiais, salientou.
Manuel Beja
congratulou-se com o facto de a questão estar a ser acompanhada pelo
Parlamento português, onde deverá mesmo vir a ser discutida em plenário.
Além
das duas dezenas de professores que leccionavam na Suíça, o Instituto
Camões rescindiu, em Dezembro passado, os contratos com outros 29
docentes que ensinavam Português em França (20) e Espanha (9).
(Correio da Manhã)
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